terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Medo - Capítulo 5 : O Último Grito Por Ajuda

 

Onde estava? 

Arlequim sentiu os olhos doerem ao abri-los e ver paredes brancas demais e diante destas voltou a fechá-los como forma de protegê-los. Seu nariz se irritou ao sentir que inalava – agora conscientemente – o cheiro familiar de ambiente clinico. Sentiu, devido à leve ardência, que algo estava injetado em sua pele. Seus ouvidos captaram, por último e de forma também consciente, o familiar som dos "bipes-bipes" contínuos... 

Era um leito hospitalar. 

“Mas... como?”, ele se perguntou, os olhos se agitando ainda assustados com o lugar com o qual se deparavam. Iam, freneticamente, da esquerda para a direita e de baixo para cima e, ainda assim, não conseguiam ver tudo. 

Tentou, tentou e tentou, mas não conseguiu nada. 

Tentou, tentou e tentou... até que desistiu. 

E ali permaneceu. 

Ali, viu os dias passarem, depois sentira que estes se tornaram meses. Havia uma enfermeira, mas que morbidamente sempre surgia de rosto encoberto, dela ele via apenas os olhos muito negros. Ela, ao que ele percebia, vinha lhe passar algo no rosto. Não havia espelho para saber do que se tratava...

Estando ali, viu os dias passarem, meses passarem. A enfermeira, um dia viu em suas vestes brancas, se chamava Solidão e ela era, até então, a única o que o acompanhava. Ele tentava lhe falar, mas não havia resposta. Ela era fria, jamais deixando de fazer o que sempre fez. Trazia consigo dois frascos... sempre os mesmos frascos. Um de conteúdo branco e outro de conteúdo negro.

Ele não sabia o que havia exatamente acontecido. Em sua memória não encontrava nada que pudesse lhe ser de alguma utilidade para que obtivesse alguma resposta.

Só, esquecido, abandonado... sem amor, sem calor, sem esperança... nele havia somente a saudade. Saudade do quê? 

Desde então junto à Solidão veio outra figura, a Saudade, e entre si elas conversavam, mas nada que ele pudesse ouvir e nada que elas estivessem dirigindo a ele. O que poderia ser? 

Queria poder perguntar quando sairia dali, pois não precisava estar ali. Queria poder fugir daquele lugar, pois não havia nada de errado com ele... e se havia não lhe tinham contado, pois ao que ele sabia ele era plenamente saudável. 

Ele não podia ir e, pelo que notava, ninguém mais viria. Seria mesmo isso? Mas onde estariam aqueles que prometeram lhe amar? Onde estariam os pais que o geraram e até pouco tempo atrás ainda estavam ao seu lado? E os amigos que o apoiavam e a mulher que lhe prometera amor? Teria ela, principalmente ela, o esquecido? Todos o haviam esquecido? Haviam o abandonado? Deixaram-no para trás? 

Onde estavam as pessoas que o assistiam e o aplaudiam? Não teriam notado sua ausência? Já havia alguém fazendo seu numero já que ele estava como estava? 

Tantas perguntas lhe vinham, mas jamais as respostas. 

Percebeu que sua respiração tornara-se ofegante, seu coração agora galopava como um corcel desesperado sobre colinas selvagens. Os "bipes-bipes" do aparelho estavam também mais rápidos. Uma lágrima, ele pode sentir, desceu-lhe a face direita. 

Ali estavam as enfermeiras, Solidão e Saudade, mas não o notavam? Haviam se esquecido dele? Será que não haviam percebido que ele estava morrendo? Não poderiam ajudá-lo? Para seu desespero e total pânico elas deixaram o alvo quarto. Olhando para os lados, sendo capaz de mover apenas os olhos, ele constatou estar totalmente só. Não havia mais ninguém ali. 

O que vem depois de tais momentos, quando nem mesmo a Solidão ou a Saudade estão presentes? Só havia uma resposta e diante dela ele precisava de ajuda. Mas quem o ajudaria? Onde estaria o médico? Havia algum? 

Talvez ele não chegara até ali para ser curado, afinal. 

— Eu preciso de ajuda — ele balbuciou com dificuldade, como se talvez nunca tivesse aprendido a falar até aquele momento. — Preciso de ajuda! AJUDA!! 

O medo lhe corria pelas veias como um cardume de peixes mortos descendo uma correnteza rubra. Fria. Queria se mover, se levantar, alcançar alguma campainha que pudesse tocar e assim a ajuda chegasse, mas não podia. Estava inerte, senão pelos olhos que marejados se moviam no revisitado frenesi como se o avistar de algo pudesse resolver seu fatal problema. Medo. Como ele o sentia. Talvez fosse este que pesasse cada vez mais sobre seu corpo, impedindo que se levantasse. Talvez fosse o crescente medo que o atasse - feito correntes cuja resistência apenas aumentavam devido à força deste - àquele leito. 

Ali, agora parecia realmente o fim. Não havia ninguém por ele, ninguém que pudesse lhe ajudar. Quis gritar, mas sentiu seu folego minguando dentro de si e de sua boca nenhum som saia. Tentou outra vez mover o corpo, mas ainda que algum sucesso tivesse sido alcançado, não foram nada mais do que movimentos inúteis e que em nada lhe ajudariam. 

“Socorro...” foi seu último pensamento. O último grito por ajuda que fora capaz de emitir, mas ninguém o ouviria. 

Veio o último folego... a última batida. 

Arlequim já não ouvia quando o aparelho que marcava seus batimentos soou o último bipe. A última nota, a qual foi longa e lúgubre. Mórbida.

Felipe R.R. Porto

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Medo - Capítulo 4: O Herege

— A alegria do Natal e a paz de Cristo reine no coração de todos os homens — a voz tinha vindo da televisão e mesmo ele estando ainda vertendo suas emoções os ouvidos de Arlequim captaram a frase, então ele se achou agora se voltando à tela. Alcançou novamente o controle remoto, agora fazendo com que os sons ficassem mais claros, aumentando o volume. Na tela ele via um senhor de aparência dócil e este falava a milhares e milhares de pessoas.

Entretanto, aquele fora o fim da reportagem, felizmente. Não foi capaz de ver do que realmente se tratava - caso fosse algo mais sobre o mencionado Natal -, mas ainda assim Arlequim fora atraído por ela. 

— Como se já não bastassem minhas tristezas... — o jovem disse, em forma de lamento, devolvendo o violino de volta ao estojo, junto com o caderno de páginas agora levemente umedecidas e a caneta mais próxima ainda de seu fim. 

Agora o palhaço descalçava os sapatos enquanto ignorava o mesmo sentimento que lhe viera referente às mãos antes de descalçar as luvas. 

Deitou-se fitando o teto do trailer. A maquiagem – agora um tanto borrada – permanecia em seu rosto, mas ele estava distante naquela noite. Parecia não estar muito interessado em ver quem estava por detrás do pó branco e os lápis negros que lhe delineavam um ou outro detalhe. Para ele não havia diferença. Ele sabia o que havia por detrás da máscara de maquiagem, eram os outros que não. 

Conta-se a história – ele relembrava – de um homem que nasceu cego, mas que queria ver o mundo, pois lhe falavam que era lindo. Sim, ele podia ouvir, mas somente ouvir. Um dia este veio a ver e viu o mundo e chorou, pois não era tão belo como esperava. Ele chorou diante da vaidosa hipocrisia, diante da falsidade do amor criado, não o amor que era genuinamente sentido. Ele chorou devido às tantas máscaras; máscaras para representar o Bem quando se tratava do Mal, para representar a Luz quando se tratava de Sombras. Máscaras de Vida, mas que por trás de si traziam a Morte. O homem lamentou, mas para que não notassem ele mesmo fez para si uma máscara de Alegria, mas por trás desta havia pranto. 

— Lhe falavam que era lindo —, Arlequim repetiu para si mesmo em voz alta. Tantas coisas eram ditas, mas não havia verdade nelas. Diziam haver paz, mas não havia paz. Dizia-se que os tempos estavam melhorando e o ser humano evoluindo... mas ao menos Arlequim não via assim.

Contudo, olhe só, quem afirmava tais coisas era o próprio ser humano. No fim, na conclusão, jamais houve evolução, a não ser na torpeza do ser humano, que agora vê beleza onde antes não via e hoje vê ofensa naquilo que antes tanto defendia. Ou o inverso. Basta ser conveniente. 

Há um nome para isso: hipocrisia. 

A voz do herege ressoava dentro de Arlequim como se sua mente fosse um grandioso e profundo desfiladeiro. Os ecos se repetiam, se repetiam e se repetiam. Porém, em desfiladeiros os ecos felizmente em segundos cessavam. 

 — A paz de Cristo reine no coração de todos os homens... – ele citou para si mesmo agora. Como seria possível tamanho autoritarismo? Para a mente e para o coração de Arlequim a frase dita não se encaixava em seu declamador. Para alguns o tal homem se tratava de um santo sem pecados e um homem infalível. Este era o Papa. O Pai. 

Depois de momentos de profunda angústia, solidão e tristeza, Arlequim agora se encontrava indignado. Seus olhos ainda miravam o teto do trailer, mas era como se pudessem ir além deste. 

“Um santo sem pecados e infalível...”, ele pesou a frase e A Inquisição foi o primeiro evento que lhe veio à mente, anos sombrios nos quais o Catolicismo Apostólico Romano perseguiu e sentenciou à morte muitos inocentes. Haviam palavras de consolo ditas por esse tal Papa, mas palavras que foram ditas do mesmo modo que a serpente falou à mulher no Éden. A mulher a tudo tinha, mas ao ouvir à serpente a tudo perdeu, tendo se afastado tragicamente da Luz. Hoje ele, assim como a serpente, fala aos pobres, mas estes pobres são os degraus da torpe, mas sagrada, catedral construída com indulgências séculos atrás. São pobres, pois ele os fez pobres ou os mantem pobres. Muitos já estavam fadados ao Inferno, mas ao ouvirem aquele herege foram feitos duas vezes mais filhos e filhas do Inferno. Palavras duras, alguns diriam. Jesus foi quem as primeiro disse sobre os hipócritas de seus dias.

Arlequim via o “Vigário de Cristo” diminuindo a tragédia enquanto ela se alastrava como nuvens de uma má tempestade que rápida e inevitavelmente se aproxima – uma tempestade que irá destruir vidas, mas poucos sabem. E os que sabem e falam a verdade são mentirosos. O Herege os ensinou assim. 

Arlequim seria um destes mentirosos. 

Arlequim o via falar de amor, enquanto era o ódio que era semeado cuidadosamente nos corações – “e eis aí”, o jovem ator circense pensou com ironia, “o maldito joio se infiltrando em meio ao trigo.” 

Arlequim o via envenenando almas, enquanto elas criam estar sendo curadas, mas se tratava apenas do torpor do momento. Elas morreriam logo. Pois ele deixará que elas durmam, que elas acreditem na segurança... na paz. 

Arlequim uma vez lera as seguintes palavras do próprio Jesus; 

“Mas se alguém fizer cair no pecado um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe seria amarrar uma pedra de moinho no pescoço e se afogar nas profundezas do mar. Ai do mundo, por causa das coisas que fazem cair no pecado. É inevitável que tais coisas aconteçam, mas aí daquele por meio de quem elas acontecem...”(Mateus 18.6-7) 

— Oh, Papa, você foi longe demais — Arlequim disse outra vez em voz alta. — Lamento por sua alma... 

Era lamentável o destino de tal homem, assim como também, por causa dele, era também lamentável o destino daqueles que o seguiam. 

Tido como o senhor da igreja, mas jamais o será. Usa o nome santo de Deus para justificar suas ações torpes, mas essas ações torpes jamais o justificarão diante de Deus. 

Herege. És o Papa... o Pai nesta terra. 

Não, o jovem palhaço sabia, a vontade daquele homem e de tantos outros que vieram não se tratava da boa vontade de Deus, mas dos intentos terríveis de Satanás. 

O coração de Arlequim ardia em profunda mescla de tristeza e revolta. Ele pedia perdão a Deus por tal sentimento. Pedia agora e provavelmente voltaria a fazê-lo, pois falharia outra vez. 

Arlequim não negava já ter visto atos dignos daquele homem, não podia mentir. Porém se uma macieira der, em cada safra, duzentas maças, mas dentre estas apenas dez delas forem comestíveis, esta não se tratará de uma macieira que mereça permanecer dando frutos sendo que faz mais mal do que bem. 

Arranquem-na! Cortem-na e a lancem no fogo! Pois o fogo é seu lugar.

Felipe R.R. Porto

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Medo - Capítulo 3: Lacrima Mosa


 

Deixou as ruelas do parque quando ventos frios demais começaram a soprar. Foi para o pequeno trailer a ele reservado. Era simples e muito pequeno, mas era o bastante para ele. Arlequim jamais reclamou do veículo, não se sentia capaz de fazê-lo. A porta de entrada ficava na lateral direita deste e logo que esta era aberta se dava com uma cama - sobre esta se via uma caixa retangular negra. Para a direita, também no canto direito, havia um armário muito compacto e sobre este uma pequena televisão -  a qual ainda estava ligada desde aquela manhã e ele não se importou em desligar, apenas alcançando um controle remoto e tratando de deixar o volume extremamente baixo, apenas o suficiente para que ele ouvisse caso algo interessante fosse pronunciado. Para a esquerda, onde era a traseira do trailer, estava uma janela de tamanho considerável com uma cortina feita de diversos losangos pretos e brancos. Abaixo desta estava um grande baú onde os pertences- roupas e objetos de uso pessoal- do jovem estavam. 

Entrando, fechou a porta e sentou-se na cama ao lado da caixa. Jogou as quatro pequenas bolas para o lado, apenas para que logo depois as sentisse voltando para seu lado. 

Levou uma mão à outra para começar a remover as luvas e se viu assustado, temendo que ao retirá-las não houvesse nada abaixo delas...  

...apenas o vazio. “Tolice”, pensou. 

Puxou subitamente a luva da mão esquerda e obviamente não encontrou o vazio, mas suas mãos jovens e cansadas, calejadas e levemente suadas ainda que estivesse fazendo frio. 

Com as mãos livres ele parou, não retirando sequer seus sapatos, roupas, chapéu ou maquiagem. Viu-se estendendo suas mãos à caixa ao seu lado. Havia duas presilhas que a mantinham lacrada. Abriu-as com um leve estalido para ter seus olhos em um dos frutos mais preciosos de seu trabalho: um belo violino envernizado reluziu aos seus olhos fascinados. 

Havia o comprado depois de pouco mais de um ano de trabalho com o circo. Havia sido uma compra inesperada aos olhos de alguns, mas muito esperada por ele. 

Ao lado do violino havia um pequeno caderno e uma caneta que ele sabia que não duraria muito. Já havia gasto outro caderno semelhante àquele que agora tinha, mas havia o lançado fora. No entanto, guardaria o novo consigo e faria o mesmo com os que viessem em seguida. Havia feito tal promessa a si mesmo ao se arrepender de ter se desfeito do anterior. 

Tomou a caneta e o pequeno caderno em mãos. 

Respirou. Suspirou. O coração batia forte contra as costelas.

Começou a escrever. Mas não se tratava apenas de escrever. Nunca. Muitos possuíam formas de se livrar de alguns sentimentos e a forma da qual o jovem Arlequim se valia era a escrita somada à sua música... 

No entanto ele se viu riscando a primeira frase escrita. Não lhe era o suficiente. Foi para a linha de baixo e novamente tentou, tal tentativa se baseando apenas na espera das palavras certas. Todavia, elas não vinham. Tentou novamente, desta vez escrevendo mais de uma linha crendo que em algum momento as palavras aleatórias o conduziriam ao ponto onde as palavras que precisavam ser escritas surgiriam e dariam, assim, sentido às primeiras. 

Não conseguiu. 

Angustia. Arlequim sentiu isso dentro de si, sentiu-a se agitar dentro dele, mas não para sair. Ela não queria isto, queria sufocá-lo como em todas as vezes que ele a sentira. Em todas as outras, contudo, ele foi capaz de expulsá-la pondo a maldita no papel, mas hoje falhava. Hoje as palavras o traiam. 

E pouco depois ele chorava. Soluçava sobre as páginas do pequeno caderno, onde gotas salgadas e negras escorreram. Mas não, ninguém saberia disso. E os que sabiam... não se importavam. 

E ele? Ele se importava demais. Sempre. Já ouvira que isto era seu problema, o sentir demais. O sentir muito. Mas, novamente, era quem ele era. 

As lágrimas prosseguiam, mas ele se viu desistindo da escrita e logo lançava o caderno para o lado. Agora recorreria ao violino e neste depositara suas esperanças. Houve receio, houve insegurança. Houve medo, mas para sua surpresa e alivio, aconteceu algo diferente. Ele percebeu que não precisava de palavras naquela noite, precisava apenas das notas. Elas, diferentemente das palavras, não o abandonaram. Não falharam com ele. Não o traíram.

E os fios de crina do arco encontraram-se com as cordas do violino e dali notas surgiram, notas que ele sequer sentiu que precisasse seguir anotando enquanto tocava. Algo lhe dizia que aquela melodia, aquela chorosa composição que lhe acompanhava o pranto, não o deixaria mesmo que quisesse. E se foram vários minutos a tocando. Minutos que ele sabia que a excederiam quando, por fim, a anotasse. Ele apenas seguiu a repetindo várias vezes até sentir que era o bastante, que seu coração já havia vertido tudo o que verteria naquela noite. Até que mesmo as lágrimas que tivesse de derramar fossem totalmente derramadas no embalo da lacrimosa melodia. 

Veio, finalmente, o momento de deixar que o violino voltasse para o conforto do estojo, o arco o acompanhando. Alcançou em seguida o caderno a ali depositou a composição, sequer precisando tornar a ouvir as notas do próprio violino. Já conhecia o instrumento bem o suficiente para que isso não fosse necessário, embora uma ou duas vezes se vira solfejando.  

Apreciava, amava a música, mas queria, assim como tantos que ele admirava, fazer história através desta. Queria primeiro fazer música para si, como o poeta que escrevia para seu próprio alivio. Mas lhe era importante o poder consolar corações, poder motivá-los. Fazer-lhes companhia lhes mostrando que não estão sós - assim como ele sabia que não estava só em sua condição, apenas em sua localização. 

Deveria haver mais alguém como ele. Talvez ali não houvesse, mas deveria haver. Em algum lugar do mundo, ou a algumas milhas de onde ele agora se achava, mas havia. Não havia? 

Ele suspirou, não se esforçando demais em dar uma resposta àquela pergunta. Por fim, no topo das anotações, da partitura improvisada que deitara nas páginas do caderno, ele escreveu o nome da composição - o único que lhe pareceu apropriado a uma obra como aquela: 

Lacrima Mosa.

Felipe R.R. Porto

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Medo - Capítulo 2: Requiem


Todos já haviam se recolhido, mesmo o sol já havia se posto. As sombras dominariam agora até que a próxima manhã chegasse. 

“As sombras dominariam”, ele refletiu. 

Diferente dos demais ele não se recolheu, tendo permanecido no parque, mas não fazendo malabarismos ou quaisquer outros números. Não era mais necessário. 

Havia se sentado sobre um caixote recostado a uma das tantas tendas de vendas (tão comuns em parques como aquele). A vista à sua volta era composta de mais tendas como aquela às suas costas, um solitário e gélido - embora enfeitado - cipreste se erguendo quase orgulhosamente logo ao lado e ao fundo de tudo isso conseguia ver pequenos prédios mais afastados. Todos cobertos pelo manto escuro e espesso que era a noite que se lançava sobre a face do mundo. Imaginou mãos puxando este mesmo manto... uma mortalha. 

“Ou as cortinas puxadas ao final de uma boa peça”, pensou Arlequim com um sorriso que não passava de lábios repuxados. O sorriso se foi logo, porém. “É claro que estou me referindo a uma grande tragédia”, concluiu ele relembrando o que outrora lera. Talvez tivesse sido como fora aquele dia... onde subitamente houve trevas. 

Antes d“aquele dia” não se tratava de uma tragédia, mas veio o momento onde a imundície adentrou o lugar sagrado e, pouco depois, com olhos fechados e pesarosas almas o Homem e a Mulher eram expulsos do sublime jardim pelo seu Senhor. Um mão sacra apontara a saída e nesta eram deixados dois guardiões juntos, cada um, a uma aspada flamejante. Havia lembranças, então, belas lembranças, mas agora contempladas por olhares devorados pela corrupção. 

A Tragédia. 

Era um início, mas também era um fim. Embora não fosse “o fim”. 

E então havia medo... e confusão - confusão esta que Arlequim viu levar alguns a verem um anjo às portas do Inferno e o Diabo nos céus. Entretanto, a pureza ainda sussurra, buscando atrair o ser humano. Ela certamente sabe que o decaído e imundo homem jamais a buscaria. Arlequim mesmo não negava a si tão estarrecedora verdade. Ele jamais o faria. 

“Em nome do Pai, do Filho e do Espirito Santo... assim seja”. Ele não sabia onde encontrar esperança a não ser n’Eles. 

Então, a ele a todos os homens só resta clamar para que o mais puro dos nomes lhe conceda alguma luz. E assim, só assim, ele poderá provar de seu sopro de vida, qual é efêmero, curto demais e então pedir que seja levado...  “Ser levado”, meditou ele. Arlequim já o fizera tantas vezes; clamara por luz e a luz vinha, mas era doloroso quando dentro de si ele sentia que ele desvanecia. Então, para não mais provar das dolorosas trevas ele pedia por mais tempo. Não que houvesse luz demais sobre a face da Terra, mas para que buscasse se redimir, para que buscasse clamar e sentir que o fizera suficientemente. Quanto seria este suficiente? Talvez ele soubesse quando fosse o momento e, se dependesse apenas de sua humana vontade, clamaria para que pudesse ser varrido. Levado dali. 

Uma vez proferira palavras que ficaram gravadas em su’alma. Foram simples, mas a simplicidade não fez com que definhassem.  “Me deixe fugir com você”, ele clamara, mas lembrava-se da correção quase imediata que o assaltara. “Não, não fugir... eu regressarei com você, mas não, jamais com o Diabo.” 

“Regressarei”, ele refletiu como se aquela palavra pudesse ser captada, sentida, por algum paladar ou tato misterioso que lhe habitasse a consciência. 

— Regressarei — ele repetiu, agora vocalizando. Nada mais do que um murmúrio, mas que viera trajado de um lamento que ele não intentara. Elevou seus olhos aos céus de sombrio ébano, tão diferentes da alva neve sob seus pés. — Me deixe regressar com você... — ele pediu uma vez mais. 

“Em nome do Pai, do Filho e do Espirito Santo... assim seja”, sua mente religiosamente repetiu. 

Em tempos passados já lhe questionaram sobre o porquê de sua melancolia, dizendo, de forma acusadora, que sua Fé deveria livrá-lo de tal sentimento. No entanto, foi exatamente por causa da verdadeira e genuína Fé que alguns sofreram, enquanto havia casos que por causa da gananciosa e hipócrita Fé pessoas fizeram outras sofrerem... 

Entendia que a Fé não o livraria das dores, mas o ajudaria a sobreviver a elas. Tinha ciência que definharia até a morte, plenamente consumido por seus medos e tristezas, caso não soubesse disso. Sim, havia angústia em sua vida, momentos de profundo desespero, mas teria sucumbido se seus olhos estivessem, ao invés de na brilhante estrela, focados nas trevas ao redor desta. 

Ainda fitava os escuros céus, tão diferentes daquilo que notava durante os dias - mesmo os dias onde havia a mais densa nevasca. Havia certo desconforto nisto, mas a noite lhe trazia também bons pensamentos, pois nela ele via as estrelas, estrelas que ele não notaria durante o dia. Estrelas que precisavam das trevas para que pudessem ser vistas. Havia alguma esperança em seu coração. Acreditava que sem as penumbras da vida pudesse não ter esperança alguma. Por isso, cria, prosseguia. 

No coração daquele jovem pulsava a maturidade acompanhada da melancolia. Maturidade, pois ele havia encontrado o que parecia ser a verdade; e melancolia, pois em sua solidão ele era o único, ou um dos poucos, que aparentemente via o que via. 

Havia dias em que ele se questionava se estava sozinho, pois, mesmo não sendo cego, não via nada nem ninguém. Porém, talvez fossem somente seus olhos que não queriam mais ver as coisas fúteis e vazias. Houve momentos onde ele acreditava ter alcançado o ápice de seus dias, onde estes pareciam conduzir a melodia do canto fúnebre de sua alma, dias nos quais ele se perguntava se era realmente o momento ou se deveria ainda dizer algo às pessoas, mas... alguém ouviria o pobre e miserável palhaço e suas tragédias filosóficas internas? Alguém viria a dar importância à espiritualidade de um palhaço que, ao que se sabia entre as pessoas, ganhava a vida fazendo pessoas rirem e gargalharem? Temia que não fosse levado a sério. 

Arlequim gostaria de fazer pessoas sorrirem. Ele possuía um apego especial pelo sorriso, pois a ele esta leve expressão de contentamento era muito mais profunda do que os audíveis risos e gargalhadas. Sorrisos sinceros traziam leveza, conforto... sorrisos sinceros curavam, motivavam... Risos e gargalhadas lhe pareciam tão finitos, mas não os sorrisos... para ele os sorrisos eram ecos que lhe soariam nas salas de sua memória até seu último dia. 

Ele, então, sorriu. Sorriu sozinho na noite mais fria daqueles tempos invernais. O sorriso se foi outra vez. Quem daria importância àquilo? O percebiam além daquilo que interpretava? Quem realmente era para eles?” 

Talvez o fim já tivesse chego e ele fosse um fantasma onde apenas os que o entendiam eram capazes de notá-lo e não somente vê-lo - e a diferença nestes aspectos é gritante. Contudo, se assim fosse, qual era o verdadeiro significado? Sim, deveria haver um propósito. Apesar dos momentos onde se encontrava profundamente deprimido, ele não era tolo o bastante para acreditar que tudo era sem propósito, pois o que ele fazia tinha um propósito e que sentido haveria em um ser sem propósito fazer algo com propósito? “Sim”, ele sempre concluía, “há, mesmo que simples, um propósito”. 

Talvez o fim não houvesse chego para ele, mas para os outros, que haviam morrido, secado por dentro a ponto de serem tão mais frios e vazios. Talvez eles fossem os fantasmas. Talvez, então, fosse por isso que ele tanto se assombrava com aquilo que via. 

Talvez não fosse ele o morto, mas elas, pois ele sentia dor tristezas e alegrias reais e mortos não sentem nada. 

Nada... 

... e tais pessoas assim lhe pareciam: não sentiam nada, imersas em seu eterno e constante repouso, a existência sendo sua constante celebração fúnebre.

Felipe R.R. Porto

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Medo - Capítulo 1: Alma Em Perigo


Havia pouco movimento no circo naquele dia. 

Um dia frio e isto certamente afugentava as pessoas. Ele entendia. Levantou os olhos contra o céu quase rochoso daquela tarde que avançava. As nuvens eram cinzentas e mesmo assustadoras em momentos que estas fossem observadas em demasia. Era como se retribuíssem os olhares, mas seus próprios olhares mostrariam o quanto estavam descontentes em serem observadas. 

Ele baixou os olhos, não porque as temia, mas porque havia mais o que fazer. 

No centro do parque então ele, o Arlequim, fazia malabarismos enquanto pessoas passavam por ele lhe lançando olhares. Ele sorria ante eles, mas eram olhares que não viam realmente. Olhares que, no íntimo, eram cegos... ou, ao menos, cegos para as coisas importantes. Ou talvez ele enxergasse demais, vendo o que não deveria ver. Talvez vendo o que não estava realmente lá. “Mas talvez estivesse...” 

Era em momentos assim que ele se sentia em estranhos apuros. Momentos onde ele buscava compreender o que estava se passando – dentro e fora de si. Ele sentia que não falhava em sua busca, mas era frustrante o que ele sempre acabava por encontrar. Já havia tentado não ver, mas isso jamais seria ele. Era necessário ver. Era necessário sentir. Ainda que outros jamais vissem e muito menos sentissem. 

Era em momentos assim onde ele sofria, permitindo que sua mente vagasse pelas trevas destes pensamentos, trevas estas compostas de toda a sombra, de todo o vazio, que ele parecia encontrar em tantos daqueles olhares que por ele passavam. E quão espessas trevas eram! Sentia que vagava por elas com uma tocha apenas e nada mais, sua face iluminada pelas chamas bruxuleantes e mesmo assim permanecendo ignorado. 

Como as pessoas o veriam? Como o sentiriam? Já chegara a imaginar o mundo à sua volta como um vasto mar, no qual ele se achava à deriva após seu naufrágio. Volta e meia um místico albatroz o sobrevoaria, mas irônica e desafortunadamente o ignorando devido, quiçá, à altura excessiva. Distante demais. Haveria, no embalo das ondas, outros como ele. Outras almas em perigo, mas nada de serem resgatadas. Não há navios à vista. 

Havia, entretanto, um ponto misterioso na metáfora de Arlequim: não há navios a vista para os que estão à deriva, mas os navios sabem deles. Sabem dos náufragos. Apenas não se importam com os gritos desesperados das almas, ainda que destroços de uma embarcação flutuem de forma mórbida e delatora sobre ás águas. Não querem realmente ver que há alguém lá e este alguém não está seguro, um alguém que está morrendo... lentamente. Existem os pedidos de ajuda, mas não há a ajuda. Não há um navio sequer vindo pelos que sofrem... 

Percebeu que seu sorriso desaparecera. Sorria novamente, mas somente para si, a melancolia revolvendo em seu interior. 

Gostava do que fazia, mas seria ele superficial demais ou profundo demais? Ou seriam as pessoas superficiais demais e ele profundo demais? No âmago do seu ser ele possuía objetivos, mas era como se suas ações àquelas mesmas pessoas que passavam por ele fossem sementes lançadas em solo infértil. Tantas vezes já havia se entristecido por crer que aquelas foram horas perdidas... dias perdidos. Pois, viria um dia a morte e o que ele havia feito? Viria a morte e o que estas pessoas teriam conseguido? Talvez ele apenas “sentisse” demais e isso estivesse, de alguma forma, o adoecendo. 

No entanto, ele prosseguia vivendo. Ele ainda se esforçava para viver, ainda que sentisse que verdadeiramente mentia em tantos momentos. Amava atuar, mas havia dias que sorria e fazia malabarismos com seu coração sangrando. Havia dias quando atuava onde ele mesmo – não o palhaço, não o Arlequim – sentia que definhava... sentia que se lhe tirassem a maquiagem não haveria mais ninguém. Se ele não fosse o malabarista, o palhaço, ele não seria mais ninguém. “Seria uma mentira”, pensava. 

Era fato que não conhecia todas aquelas pessoas, mas tinha amor por elas e o que fazia, percebia, era mais por elas do que por ele. Era seu amor por elas uma ilusão que devesse descartar em vista de tudo o que sentia? Deveria mesmo estar fazendo aquilo que fazia? Era provável que tantas delas seguissem imutáveis, incuráveis, mas ele não permitiria que elas mudassem aquilo que havia nele. Não permitiria que a frustração tomasse conta de quem ele era. Não, ele não negaria que várias vezes já se vira indignado, mesmo irado com elas por esperar delas coisas que elas acabaram não fazendo. Provavelmente era isso que o feria: o esperar demais de meros humanos. Como ele. 

Segundos se passaram até que se percebesse parado com as quatro típicas bolinhas nas mãos - duas na direita e duas na esquerda. Olhava para o nada, os olhos ardendo de leve. Marejavam? Quando ele havia parado? 

Baixou os olhos, ainda um tanto absorto, para encontrar os olhos de uma criança, uma garotinha que ele sabia ter oito anos. Automaticamente sorriu para ela e voltou a fazer os malabarismos, abaixando-se perto da pequenina que gargalhou à sua aproximação, divertindo-se com seu número. As notas do seu riso eram doces e verdadeiras. 

Sim, ele amava o que fazia e sabia que o fazia bem. Talvez aquela criança não se perguntasse quem havia por trás do palhaço, mas a alegria genuína expressa era o que ele esperava de alguém como ela. Esperar dos mais velhos é que era doloroso. “Oro para que os anos não te façam perder isso”, ele gostaria de ter dito a ela. Parte dele realmente alimentava tais esperanças. A outra parte duvidava delas. 

Assim era vista a vida: uma misteriosa valsa iluminada pelo Tempo, mas comumente tendo como par a Vaidade. Geralmente, em tudo há Vaidade. 

Porém, aqui, Arlequim notava que havia o mal entendimento: a Vaidade havia se tornado um mal entre todos. Tão belos... e ainda assim tão horríveis. Arlequim sabia disso e se assombrava, pois se tratavam de apetitosas garrafas aos olhos, mas ao tentar se saciar nestas mesmas garrafas apenas aumenta-se a sede. Belos aos olhos, vazios ao paladar. Parecem suaves como um doce e cristalino lago, mas tem as almas tão secas, envelhecidas e maltratadas. Nada mais que um deserto em sua extrema sequidão. 

“São todos velas frias e já apagadas”, ele concluía. Dentro de si seu coração ardia. Não era, talvez ainda, uma chama, mas saber que havia calor já o deixava levemente reconfortado. Levemente. 

Velas frias e apagadas. Todos já nascem dessa forma. Há o choro inicial, o grito dos infantes, que leva o homem a crer que há vida, há chama. Mas o que é vida? É quando se sente o coração bater e ossos e músculos reagindo? Ou quando se abandona a sequidão da Vaidade e se passa a cuidar da alma? Do que os olhos são incapazes de ver...? 

Arlequim acreditava na segunda. 

Todo eram, ou se tornariam, cinzas, frequentemente consumidos pelas urgências da Vaidade. Todos insignificantes (e ainda assim alguns sendo arrogantes) grãos de poeira. 

E além de cinzas e poeira também muitos são cegos. Alguns cegos demais pela raiva, outros cegos demais pela dor. Há quem seja surdo devido ao amor, o que pode até vir a ser uma virtude; e há aqueles que nada dizem... pois o medo os calou. São mudos. 

Ele via em si um pouco de tudo isso e quão decepcionante isto era. Quantas foram as vezes em que houveram lágrimas quando ele não conseguiu mais se segurar? 

Ele, assim, permanecia à deriva. Um dos náufragos, sendo ele também uma alma em perigo. Ele tentara salvar a tantos, mas ainda não haviam tentado salvá-lo. Talvez ele não precisasse ser salvo... palhaços são tão felizes, então do que ele poderia ser salvo? De si próprio, seria a reposta. 

Ninguém conhecia sua voz, pois não achavam que seria importante conhecê-la, e por isso não havia quem o entendesse, pois também não havia alguém como ele. Só havia ele. 

Ninguém sabia de seus verdadeiros traços, pois não houve quem desejasse vê-los. 

Ninguém poderia falar a ele nenhuma frase. Tão mais loje estava uma doce, sincera e tão desejada expressão de afeto.

Havia lembranças em sua mente agora, mas ele buscava as afastar. Não as desejava. Se possível, gostaria que elas morressem antes que ele próprio...

“Os quadros mais belos já pintados são uma distração”, ele concluiu novamente consigo mesmo. “Uma anestesia. Já a realidade é desprovida de beleza. Terrível. Deformada... quem ousaria pintá-la?” 

Havia feito novamente, percebeu pouco depois. Havia se rendido outra vez à já íntima torrente de pensamentos...

Estava ainda agachado no meio das pessoas que iam e vinham. As  bolas coloridas em suas mãos. Os olhos agora fitavam o chão. Levantou o olhar apenas para constatar o óbvio: 

Não havia mais criança. Ela havia partido.

Felipe R.R. Porto

quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Lacrimosa – Já à venda "Leidenschaft", novo álbum da dupla em formato digipack com contracapa extra!

 Lacrimosa Leidenschaft 500xHá mais de 30 anos, a dupla – com sede na Suíça e formada pelo alemão Tilo Wolff e a finlandesa Anne Nurmi – conhecida como LACRIMOSA está à frente dentro do seu gênero, sendo uma das primeiras bandas a combinar o som Gótico com elementos do Metal, Rock e do Sinfônico.

A cada álbum lançado desde seus primórdios, na metade dos anos 1990, eles vêm se desenvolvendo e se reinventando, atravessando todas as fronteiras possíveis de gêneros musicais.

A banda, que também é referência e um dos ícones da Poesia Dark alemã, se apresentou no mundo todo: do Peru à China, da Romênia a Taiwan.

O seu mais recente álbum e 14º da sua carreira, o grandioso "Leidenschaft" (que significa paixão em português), foi muito bem recebido tanto pelos fãs quanto pelos críticos especializados e já é considerado como um dos trabalhos mais fortes da sua carreira.

O álbum, que foi descrito pela revista alemã Sonic Seducer como "sentimental, cheio de alma e emocionalmente chocante", pela revista suíça Metal Factory como "um trabalho perfeito" e pelo site brasileiro Whiplash como "um disco que deve ser apreciado por completo do início ao fim [...], sem pular nenhuma faixa", aborda diversos temas atuais como a violência doméstica, o bem e o mal que todos temos dentro de nós e as Fake News e suas perigosas consequências.

"Leidenschaft" está disponível no Brasil pela parceria Shinigami Records/Atomic Fire Records em DIGIPACK com contracapa extra. Adquira sua cópia aqui: https://bit.ly/3pA1GCv.

EDIÇÃO LIMITADA. APENAS 500 CÓPIAS.

quinta-feira, 28 de julho de 2022

Leidenschaft Tour começa com o anuncio de 14 shows no México!

    Estamos entrando em turnê no México! Depois da nossa performance furiosa no WGT na Alemanha, trazemos as músicas do álbum atual, junto com muitas outras pérolas da nossa discografia, durante uma longa turnê pelo México no palco!


 

segunda-feira, 20 de junho de 2022

Entrevista: 2022 – Tilo – Terra Relicta por Tomaz

Entrevista com Tilo Wolff (Lacrimosa) para o site e revista online Terra Relicta, sobre o novo álbum Leidenschaft.
Data: 30/03/2022
Por: Tomaz

    Lacrimosa, uma das bandas mais influentes do gênero gótico/metal sinfônico/rock, e talvez o mais icônico também, lançou no ano passado seu 14º álbum “Leidenschaft” através de seu selo Hall Of Sermon.
    Trinta e um anos atrás, quando o Lacrimosa lançou seu álbum de estreia “Angst”, a cena gótica quase ficou chocada com sua onda sombria provocativa, frenética e quase perversa, mas profundamente emocional, minimalista, dirigida por sintetizadores/piano. Muitas coisas mudaram desde então, algumas também para a banda.
    O Lacrimosa foi uma das primeiras bandas que combinou o gênero Gótico com o Metal, inundado por orquestrações clássicas – se recordam de seu single inovador “Schakal”? Muitas bandas de Metal, assim como da Cena Gótica, seguiram seu exemplo. O Gothic e o Symphonic Metal tornaram-se estilos musicais estabelecidos até os dias de hoje.
    Liderado pelo genial compositor Tilo Wolff, acompanhado por Anne Nurmi, o Lacrimosa elaborou e melhorou sua proficiência musical, mantendo-se independente de qualquer grande gravadora desde o primeiro dia. Sua mais recente obra-prima, “Leidenschaft”, foi indicada pela revista digital Terra Relicta como o melhor álbum de Dark Music de 2021, e levou o título com uma enorme vantagem. O Lacrimosa consegue elevar o ouvinte para outro espaço e tempo em cada álbum, a cada música e a cada show ao vivo; é um mundo onde a paixão encontra a perfeição, a dor encontra a salvação, o preto encontra o branco e a escuridão encontra a luz orientada pelo amor. Agora, bem-vindos a entrevista com o fundador e mentor do Lacrimosa, Tilo Wolff!


Tomaz: Olá, Tilo e Anne, e obrigado por aceitar o pedido de entrevista. Embora o Lacrimosa esteja em nossas vidas desde o seu início, e a revista Terra Relicta Dark Music já comemorou o seu décimo aniversário em abril, não há entrevistas com o Lacrimosa para serem encontradas lá. Uma foi conduzida por mim em 2017, logo antes do lançamento do álbum Testimonium, embora nunca publicada porque nunca foi gravada em primeiro mão devido a problemas técnicos. Mas aqui estamos nós, comemorando o álbum seguinte ao Testimonium, Leidenschaft, lançado em 24 de dezembro. Antes de prosseguirmos com esta nova obra-prima, vamos nos deter primeiro com os números. O Lacrimosa comemorou seu 31º aniversário em novembro e, um mês depois, já lançou seu 14º álbum. A obra musical de Lacrimosa é incrível – em qualidade, quantidade e regularidade; ou seja, você entrega seu novo trabalho aproximadamente a cada dois anos, com apenas um longo hiato entre Lichtgestalt e Sehnsucht. Não são muitas as bandas que conseguem, então como você consegue?


Tilo Wolff: Tudo se resume ao fato de que a música é minha vida! Eu não poderia viver sem ela! Significa que não só escuto música, mas também tenho necessidade de fazer música. É como uma linguagem para mim, e não quero viver no silêncio! E estou tão fascinado com a ideia de ser criativo, de fazer algo do nada, pelo menos nada que salte aos olhos. E depois de tocar um pouco de violão ou me sentar no piano por um tempo, há músicas novas que vem ao mundo. Isso é maravilhoso! Eu nunca posso ser detido por este fascínio!


Tomaz: Procurei a tradução de “Leidenschaft”. O dicionário online descarta “emoção” como a primeira opção mas você utilizou “Paixão.” Bem, a paixão é uma emoção, embora bem específica. Mas por outro lado, não tão específico, já que se pode ser apaixonado por quase tudo. Como é para você o Leidenschaft?


Tilo Wolff: Sim, essa palavra dificilmente pode ser traduzida. “Paixão” é o mais próximo, mas ainda assim, na palavra alemã “Leidenschaft”, também está incluída a palavra “Leiden”, que significa “sofrimento”. A melhor descrição para Leidenschaft pode ser: estar em chamas, queimar por algo. É prazer e dor, a necessidade inquebrável de adentrar em algo e se perder nele. Ser extraditado e forçar essa extradição. Isso é “Leidenschaft”.


Tomaz: Alguma conexão com a data de lançamento (véspera de Natal)?

Tilo Wolff: Na verdade, o motivo desta data de lançamento foi que este álbum é algo muito especial para mim. Gravar este álbum foi uma jornada inacreditável, foi estressante, exaustiva, inebriante, edificante e às vezes devastadora, e houve momentos em que eu mal podia acreditar que eu seria capaz de terminar o álbum. Depois que foi concluído, fiquei tão agradecido e feliz que parecia ser o presente mais maravilhoso. Pois bem, e esta foi a ideia de lançá-lo no Natal: um presente para todos os amantes do Lacrimosa!


Tomaz: Leidenschaft é um dos álbuns mais versáteis do Lacrimosa, mas há algum tipo de dualismo dentro de cada música. Como você vê isso como compositor?


Tilo Wolff: Sim, cada álbum é sempre um reflexo do estado pessoal da época em que foram criados. Já que minhas músicas dependem do que está acontecendo dentro de mim, elas têm essa conexão natural umas com as outras por um lado, e por outro, elas dependem do tópico de seu próprio núcleo interior. Isso faz esse dualismo que você está falando. A razão para isso também pode ser que não há compositor adicional, nenhum produtor externo ou qualquer pessoa que influencie na composição e produção das músicas. Isso as torna puras.


Tomaz: Chega ser injusto comparar qualquer álbum do Lacrimosa, já que cada um é diferente. O mesmo acontece com os dois últimos, Testimonium e Leidenschaft. Enquanto o Testimonium foi mais bombástico, Leidenschaft é mais emocional. Por favor, diga-me onde você vê as principais diferenças?


Tilo Wolff: Sim, o Testimonium é muito bombástico, parcialmente com um tom de ira e sem esperança, como as músicas “Weltenbrand” ou “Testimonium”, enquanto o Leidenschaft é, com exceção de “Kulturasche”, um pouco mais equilibrada e elegante, mas também complexa em seus detalhes. Nota-se isso muito bem ao comparar as duas músicas sobre a tempestade “Nach dem Sturm” do anterior e “Führ mich nochmal in den Sturm” do novo álbum.


Tomaz: Certamente é um pouco menos sinfônico e mais um álbum orquestral em termos de como os instrumentos clássicos são usados. Isso não é algo novo para o Lacrimosa, pois algo parecido já foi ouvido no álbum Echos, mesmo de forma diferente. Então, quando você está no processo de composição, o quanto você considera seus álbuns anteriores?


Tilo Wolff: Não os considero nem um pouco, porque o passado é o passado e eu não quero caminhar para o futuro olhando para trás. Eu construo sob o passado, os álbuns anteriores, mas apenas no sentido de tê-los em meu coração como um tesouro que ninguém pode tirar de mim.


Tomaz: A capa do álbum é mais uma vez impressionante. Acredito que há uma mensagem por trás dela que eu não consigo decifrar sozinho.


Tilo Wolff: Como você pode ver, há duas figuras esculpidas em pedra, e nós não podemos ver quem está de frente para a mulher, se é uma criança, um homem zangado, apaixonado, indefeso ou com raiva. E temos o céu e suas nuvens, escondendo o sol e ainda dando espaço para os raios de sol, e claro, temos o arlequim na parte de trás do álbum na pose exata de ser visto na capa do primeiro álbum, fazendo uma espécie de publicidade para um circo onde ele se sente em casa, em seu ambiente original. Nenhum deles está vivo; todos são apenas imagens de pessoas reais e, no entanto, estão todos contando uma história e se comunicando uns com os outros ou conosco diretamente, como faz o arlequim.


Tomaz: O primeiro single/vídeo revelado do álbum foi “Raubtier”. Você fez um vídeo incrível e significativo, e voltamos ao tema do dualismo. Você acha que essa música é a que melhor representa o álbum? E quem fez a cenografia e coreografia para o vídeo? Podemos esperar mais vídeos oficiais deste álbum?


Tilo Wolff: Na verdade, eu não acho que essa música represente melhor o álbum – embora eu ame essa música – mas eu tive essa ideia da história que é uma interpretação engraçada e confusa da letra, que conta uma espécie de história real. A combinação de diferentes personagens interpretados pela mesma pessoa faz com que esse vídeo funcione, caso contrário, algumas cenas teriam sido muito focadas, mesmo que algumas pessoas estejam com raiva de mim, o que eu acho meio engraçado porque eu ataco a Anne Nurmi com o personagem Lacristóbal. (risos) E sim, se tivermos tempo, podemos fazer outro vídeo para o álbum mas no momento, infelizmente estou ocupado com a distribuição e toda a administração em torno deste lançamento, então vamos ver…


Tomaz: Uma das emoções mais fortes que este álbum oferece é a nostalgia. É sentida em muitas músicas, principalmente em “Führ mich nochmal in den Sturm”, “Die Antwort ist Schweigen” e “Celebrate The Darkness”. Foi intencional ou apenas veio a ser assim?


Tilo Wolff: Simplesmente veio a ser assim. Quando se trata de compor, eu confio no meu coração e não na minha mente, então, coisas assim acontecem e eu gosto assim!


Tomaz: Para a música “Celebrate The Darkness”, você fez um lindo lyric video, que, se não me engano, é seu primeiro lyric video oficial. Como é que só agora você quis produzir esse tipo de vídeo, que já é muito popular há algum tempo?


Tilo Wolff: Eu não assisto muitos lyric videos porque acho a maioria deles – desculpe – um pouco chatos. Mas aqui tivemos essa ideia que contou sua pequena história ao apresentar uma bela atmosfera para poder representar essa música de forma visual.


Tomaz: A produção do álbum é um pouco diferente. Conte-me mais sobre o processo de gravação, e qual foi o principal objetivo a ser alcançado com a sonoridade deste álbum? Volta e meia, especialmente quando se trata de solos de guitarras, você quis soar mais “hard rock” de certa forma?


Tilo Wolff: Bem, não hard rock já que não penso muito nessas categorias, mas eu queria ter esse toque aveludado e reconfortante, entrecortado por aço frio e emoldurado por madeira sólida e escura. Claro que gravar durante essa pandemia às vezes foi um grande desafio, e muitas gravações tiveram que ser adiadas, razão pela qual este álbum não saiu em 2020, que era a ideia original, mas estou muito feliz que a produção saiu como eu queria afinal.


Tomaz: O ano de 2021 marcou 30 anos desde o lançamento do seu álbum de estreia “Angst”. Eu esperava que haveria alguma comemoração ou algo sobre ele. E como você vê agora esse álbum?


Tilo Wolff: Não sou um grande fã dessas ideias de “revival”. A ideia por trás dessas coisas é de algo clássico da indústria da música. Eles pensam em como ganhar mais dinheiro com algo que já existe. E então eles escolhem um álbum de sucesso e dizem: vamos comemorar! Não tenho motivação nem tempo para fazer uma porcaria dessas. Vamos lá, todos os álbuns existem, e quem quiser comemorar um álbum é livre para fazê-lo. Eu não preciso de uma gravadora ou dos artistas para me dizer qual álbum comemorar. Quero fazer música nova, o que leva tempo e esforço, portanto, concentro-me no futuro e não no passado! E sobre como eu vejo este álbum, bem, é o pilar fundamental do Lacrimosa. Sou feliz por este álbum todos os dias, e eu amo cada parte dele! Então, eu celebro esse álbum, na verdade, todos os dias!


Tomaz: Não vou perguntar onde você se vê com o Lacrimosa daqui 30 anos, mas ainda assim, quais são seus planos para os próximos, digamos, dez anos ou mais?


Tilo Wolff: Não faço planos de longo prazo. Eu sou velho e sábio o suficiente para não fazer isso. Veja o exemplo da pandemia e agora a guerra. As coisas mudam. Não quero me limitar a nenhum plano e expectativa que tire a liberdade de viver no mundo que se estende à minha frente a cada novo dia!


Tomaz: O Lacrimosa é um exemplo perfeito de que a banda pode ser independente, desde o início e ainda assim alcançar o status de cult. Todos os seus lançamentos foram pela sua gravadora Hall Of Sermon, o que é algo raro. Você já recebeu uma proposta que fez você pensar duas vezes?


Tilo Wolff: Sim, muitas vezes. Sempre quis ser músico, mas, na verdade, estou no escritório 90% do meu tempo. Às vezes eu não encontro tempo para fazer música por várias semanas, o que é algo que eu odeio. Por isso sempre esperei encontrar uma gravadora disposta a trabalhar com o meu jeito de lidar com o Lacrimosa, mas essa gravadora parece não existir. Portanto, recusei todas as ofertas até agora.


Tomaz: Nestes tempos de pandemia da COVID-19, quase todos os artistas/músicos enfrentaram um momento difícil. Como você continua seguindo em frente nesse sentido? Acredito que você deva ter muitos shows e turnês canceladas ou adiadas também, não?


Tilo Wolff: Sim, todos os nossos planos de turnê tiveram que ser cancelados, e estamos tentando o nosso melhor para manter nossas cabeças acima da água, também em termos do novo fluxo de trabalho. Hoje em dia, você precisa de três abordagens diferentes para alcançar um objetivo. Não é tão engraçado, mas não só nós, músicos, temos tempos difíceis, o mundo inteiro está sofrendo e sofrerá por muito tempo!


Tomaz: E para o futuro, quando as turnês voltarem a ser possíveis, você já fez algum plano e reservou alguma coisa?


Tilo Wolff: Estamos constantemente trabalhando nisso, apenas para cancelar tudo, repetidamente. Sinceramente não sei até quando vou continuar com isso. Acho que, no futuro, não haverá mais tantos shows do Lacrimosa.


Tomaz: De volta ao Leidenschaft. O álbum é uma verdadeira obra-prima e é perfeito em todos os aspectos. Já se passaram semanas desde seu lançamento, e eu me pergunto, que tipo de resposta você recebeu de seus fãs e da mídia?

Tilo Wolff: Felizmente praticamente igual a sua. As pessoas parecem amar o álbum, e estou muito feliz com isso porque ele significa o mundo para mim!


Tomaz: Tenho certeza que o álbum estará em muitas paradas nas primeiras posições. E já é o vencedor do Terra Relicta Dark Music Awards 2021. Eu me pergunto o quanto essas coisas significam para você?


Tilo Wolff: As paradas musicais não significam tanto para mim, razão pela qual não vendemos o novo álbum através de sistemas de contagem de paradas. Como essas não são mais sobre vendas, mas sim sobre orçamentos de publicidade na TV, rádio e streaming online, isso não reflete mais a ideia das paradas originais. Acho que elas deveriam refletir a escolha do público e não o orçamento da gravadora!


Tomaz: Em 2020, sua outra banda, SnakeSkin, lançou um álbum incrível – Medusa’s Spell – vencedor ano passado do Terra Relicta Dark Music Awards. Você já está fazendo algo novo para o SnakeSkin?


Tilo Wolff: Comecei mas ainda não encontrei tempo para continuar, mas a história vai continuar!


Tomaz: Muito obrigado por dedicar seu tempo para responder a essas perguntas. Espero que você tenha se divertido. E como você gostaria de finalizar? Alguma mensagem que gostaria de deixar para nossos leitores e seus fãs?


Tilo Wolff: Na verdade, estamos falando agora sobre alguns shows na Alemanha e na Bélgica este ano, mas ainda não posso dizer se isso acontecerá. Mas se sim, seria ótimo ver alguns de vocês novamente, olhá-los nos olhos e compartilhar a música e as emoções com vocês. Eu adoraria!


segunda-feira, 6 de junho de 2022

Lacrimosa WGT 2022 - Confira Fotos, Vídeo e Possível Setlist:

Ontem tivemos a primeira apresentação com as músicas do novo álbum Leidenschaft lançado em 2021, algumas fotos já circulam nas redes e também as músicas do provável Setlist:








 Fotos: TiAn Lacrimosa Talks

Alguns vídeos da apresentação também já podem conferidos, ANNE ESTA MARAVILHOSA!


Intro + Liebe Über Leben:


 Komet:


 Kelch der Liebe:


Nach dem Sturm:
 

 


quarta-feira, 18 de maio de 2022

Curiosidades com Rodrigo Santromipo.

Uma foto datada de 1993, época do qual ela ainda fazia parte da banda de Dark Rock/Darkwave finlandesa Two Witches.

Na foto a Anne aparenta uma certa concentração, sem nem mesmo olhar para a câmera.

 

Mas algo mais além da Anne nesta foto chama muito minha atenção, que neste caso é a paisagem ao seu redor, principalmente a escultura feita de bronze do qual ela repousa. E por isso resolvi trazer algumas informações sobre ela em particular. :)

A escultura se chama Leon de San Marco, ou se preferir, Leão Alado de Veneza. É um trabalho realizado por Luigi Borro, escultor e pintor italiano nascido em 29 de Julho de 1826 e morto em 06 de janeiro de 1880.
 

O Leão Alado é uma representação simbólica do evangelista São Marcos, eleito segundo patrono da cidade de Veneza, substituindo seu antecessor, São Teodoro, que pertencia ao período do domínio bizantino.

Acima do Leão Alado, fora do alcance da foto da Anne, também tem mais outra obra de Borro que vale muito apena ser destacada, sendo ela uma escultura em homenagem à Daniele Manin (nascido em 29 de julho de 1826, morto em 6 de janeiro de 1886) que fora um importante advogado, político e patriota italiano.

As esculturas ficam localizadas bem na praça do Campo Manin, em Veneza, capital da região de Vêneto, ao norte da Itália.

segunda-feira, 9 de maio de 2022

Ativem os lembretes: Snakeskin está de volta!

    As emoções despertadas por esta guerra catastrófica na Ucrânia me forçaram a escrever uma nova composição. No dia 12 de maio às 13h esta nova música, que gravei com Kerstin Doelle e nossa Session Orchestra for Snakeskin, estará disponível pela primeira vez em:



Tilo Wolff.

quarta-feira, 2 de março de 2022

Augenschein (Ilusão)

 

Lágrimas no silêncio
E máscaras no rosto
Ausência e distância
Separados daqueles que amamos
Vamos te proteger disso para assim te proteger
Do que pode viver em nós
Uma questão de solidariedade
Uma questão nossa.

Nenhuma máscara pode proteger
Contra o que está na mente
Raiva e medo e alguma ilusão,
Na batalha da comunicação
Violência verbal confusa,
Todos contra todos
Uma questão de uma bússola interior,
Questão nenhuma, na verdade

Um olho risonho – choroso
E um coração tão pesado de amor e sofrimento
É assim que vivemos

Nós somos tão modernos - somos tão novos
Somos simplesmente melhores
Do que todas as muitas pessoas estúpidas
Que viveram aqui antes de nós
Nem tudo o que é novo nos faz bem
Nem tudo é progresso
Decreto de fala - ditado moral
Visão de mundo semelhante a um padrão
Os pensamentos - não são mais livres
Não há mais imaginação e não há mais paixão.

Um olho risonho – choroso
E um coração tão pesado de amor e sofrimento
É assim que vivemos.
É assim que vivemos nossa vida.